terça-feira, 1 de junho de 2010

O POETA É UMA FEIA CRIANÇA


O poeta é uma feia criança

babando em sapatos italianos

ou isso

ou a melodia constante

de seus próprios ossos.


Velhas senhoras

erguem seus vestidos

enquanto o corpo desliza

para dentro de suas pantufas


O cobrador é um robô-anão

com o maxilar quebrado

e um cifrão no fundo de sua língua,

FEIO QUE DÓI!


Minha tormenta sobe

tal qual uma enchente

pelas paredes do esôfago


e o olho de Camões

quase sempre perde-se repicando

entre a poeira do motor


Descerei do ônibus

assim que as árvores resolverem

fixar suas raízes no seio

da lataria

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