domingo, 27 de junho de 2010

OBSERVO OS PRADOS E A SERRA AO LONGE

OBSERVO OS PRADOS E A SERRA AO LONGE
e a urbanidade tal qual uma trave no olho
Sou todo paz: Tudo é o que parece ser

Mas recordo que os sapos sumiram
no ventre das estações
pois agora meu olhar é das gaivotas,
os sapos certamente existem alhures

E toda minha paz é apenas um pensamento
que perde-se nos envidraçados olhos das gaivotas
que serão sempre gaivotas
e eu, cá na cidade, sempre gente.

sábado, 26 de junho de 2010

sexta-feira, 18 de junho de 2010

NÃO SEI DA VIDA DAS METÁFORAS MALHADAS

NÃO SEI DA VIDA DAS METÁFORAS MALHADAS
Sei apenas de como eu existo no mundo

Sou mais o barbudo enterrado no pântano da igreja
do que um cabide de terno flutuando em plataformas
de puro couro

Escrevo como quem tem rotas as veias
O resto é o fruto que a terra esconde.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Noite Que Segue

Noite vazia que esvazia tudo o que há dentro.
O céu tapa como um tapa a vergonha que não te esconde.
Estrelas te revelam.
Mistério que te envolve em cada dobra de curva.
Risadas ecoam em becos, construções abandonadas.
Como crianças que mendigam centavos.
Escravos da reputação, da boa reputação digo, que o dia ajuda a mostrar.
Um salário fixo não garante nada.
Que nada!
Loucos morrem de overdose nas esquinas.
Mulheres vendem seus corpos.
E sinaleiras apontam quem segue e quem para no caminho.

Petrillo Miranda

FOI TOCADA

Foi tocada
coitada
era uma bolha flutuante
toda cheia do ar
ressecado do dia

Mas foi tocada
e era sangue
e era esperma, afinal

Foi tocada
e é só isso

Era uma bolha
ou uma bailarina mesmo,
fujona eu sei que era!

Por que não havia de dormir
nos lábios da criança?

Mas enfim...
Foi tocada,
nada fora disso!

terça-feira, 15 de junho de 2010

ACORDEI HOJE...

Acordei hoje
com um sonho girando no estômago

Fiquei pleno de todas as sensações
e era como se na infância eu acordasse
Era um único mar aberto
todas as horas do mundo

No colchão eu sentava
como a esperar pelo sol
e sentar era, afinal, apenas sentar
e abrir os olhos era abrir os olhos
tal qual o vento sopra
sem razões para ser o vento que sopra

Eu corria,
por todos os cantos eu corria
pois carregava as mãos vazias.
E eram doces todos os toques
de todas as coisas

A tristeza era não poder voar
tal qual se dá nos sonhos
E agora a tristeza é não poder acordar
como se acordava na infância

Mas acordei hoje, enfim...
com um sonho girando no estômago

E lembrei das gaivotas...
(Sempre as gaivotas)

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Inflação

Parem com o consumo
não se esgotem!
não comam!
não bebam!
não amem!
não consumam!
não fumem!
não escutem!
minha gente, não transem
Não olhem a televisão
Não vivam,
Não enxerguem em vocês monstros
Com dentes grandes e afiados,
Loucos por vísceras e coca-cola.
Não passem a língua nos dedos sujos
Nem esperem a migalhas do amor alheio
Embebedam-se com o sumo forte
Sangue fino de suas veias.
Juros inflacionarão os corações solitários,
Fará nosso dinheiro suado valer menos
Não teremos mais para limpar nossas bundas
Encher nossos nariz de sonhos
Saciar nossa falta de si mesmos.
Prometam ao bispo,
A puta da esquina,
Que não terão nosso dízimo
Diga ao governo que o produto interno bruto será fumado
E nossos pulmões serão apenas árvores velhas e sem raízes.
Não consumam.
LUÍS GUSTAVO DE OLIVEIRA

AQUELES DIAS QUE FICAM NO MEIO DA ESTRADA

Aqueles dias que ficam no meio da estrada
feito ratazana ardendo no asfalto
paisagem de maquinaria no firmamento
uma galáxia girando entre nossos corpos
tudo nadando divinamente para o escuro da lua!

Salto de meu próprio peito como se procurasse
o final da Rota 66!

Encontro meu “não-eu” por esses caminhos!

domingo, 13 de junho de 2010

Corpo a corpo

Corpos no chão
Agonizando desejo
Corpos pedindo
Partido em leitos
Suplicando piedade
Pedem fria beleza
Corpos esboçam danças
Pedem tormento na alma
Bailam eufóricos
Corpos traçados ao meio
Imploram à genética
Perfeição
Artelhos beliscam
Cadáver jazido
Franco carente
Corpos.
LUÍS GUSTAVO DE OLIVEIRA

ESTOU SENTADO CURTINDO O GRANDE VAZIO

Estou sentado curtindo o grande vazio verborrágico
de um início de domingo que parece ontem
e parecerá também com amanhã
Estou sentado
e começo a sentir uma grande nuvem de fumaça
ardendo no bico dos olhos

Minha pátria, cara de colchão velho!
Serão minhas fronteiras somente minhas?
Alhures ficarei totalmente nu?
Começa a desembestar a areia pelo asfalto
Continuo pleno de todos os timbres e cores!

Ao lado duas mesas vazias
e os carros passam entre os intervalos
de meus espasmos mentais

Deixe de ter rodas e engrenagens
e “bips” elétricos e o vento deslizando entre
labirintos e óleos

Estou sentado
perambulando pelo grande vazio
de mim mesmo.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

CÉU BRANCO

Deitada sobre as folhas no chão,
Olho o céu branco,
Medindo falhas;

Sobre o céu branco,
Espera-se o príncipe,
Como uma borboleta no jardim,
Procurando a melhor flor para descansar;

Como uma leve bruma ele vem,
Em seu cavalo branco
Trazendo o princípio de tudo,
Sobre o céu branco;

Traz o amor,
Num copo-de-leite,junto uma rosa e uma violeta,
Tenta Tê-la;

Não mede dor,
Já que tens meu amor,
Do que temera?

No jardim sobre as folhas,
A chuva nos molha,
Regando nosso amor,
Não mede dor,

Sobre o céu branco,
Vejo as estrelas,
Trazendo com o outono
O fruto do prazer,

Num sono,
Te tenho,
Num beijo,eu talvez durma,
Como um Beija-flor,
Lá vem a bruma.



Autoria de Giuliana Rocha
http://www.orkut.com.br/Main#Profile?uid=11079935341487666136


Se tem algum pensamento, crônica, conto, poema, frase, teoria, invenção não patenteada e está com preguiça de fazer um blog e sem grana para publicar um livro, entre em contato que publicaremos no Ditos Inconfessáveis, que há-de ser grande, grande e maior ainda!

Contato

ditosinconfessaveis@gmail.com

Nos vemos por aí o/

quinta-feira, 10 de junho de 2010

NÃO ME BASTA SER O PESCADOR

Não me basta ser o pescador
é preciso ser o barco e o mar e os colossais pulmões do mar
Não me basta ser carregado para tal lugar
onde os pássaros perambulem sobre rastros soturnos
é preciso ser o pássaro e ter asas e ser a própria revoada
Nunca ser o cavaleiro
mas sim o próprio cavalo, com cascos, crina e lombo
ser coisa qualquer
que não lembre meu volume e meu fado
Fico prostrado sobre o concreto frio
enquanto a passarada corre e o mar golpeia as rochas
e carrega caravelas e maquinarias em seu seio
E sou agora o olhar morto de pedra
ressecado pela sombra do vento.

terça-feira, 8 de junho de 2010

entre a Noite e a Manhã, Aurora

Alvorece.
Gosto do sabor marcante do café solúvel,
Traz com ele momentos esquecidos , abandonados
Nos cantos dos anseios à tona,
Mofeu não veio me buscar, iríamos passear nos
Grandes prelúdios fabulosos.
Amanhece.
Procuro-a no céu.
Tosse.
Tenho que expelir metabólitos passionais
Fragmentos do amor que irritam,
Inflamam minha garganta.
Preciso voltar a estudar e deixar de transgredir, filosofar.
Tropeço.
As luzes da cidade ofuscam meus sentimentos
O medo foi embora, ficou a petulância,
A soberba, vazio da noite, a futilidade do sexo,
O alento do som sincretizam-se.
Extrapola.
Vem a vontade de me apaixonar novamente
Por ela, cada segundo,
Meu tambor explode.
Bebo da poesia líquida,
Mergulho na poesia concreta
Meu amor sorri, desacata minhas ordens.
Malemolência
Sacio teus prazeres mais cretinos,
Sacias minha falta de neblina dos meus desejos?
Meu tambor sona rápido, desatinado
Desfilam meus medos, sonhos, anseios e receios.
Ela me beija num gole só.
Deixa-meeu ser emerso da luminosidade da tua treva
O fogo, a palavra me excitam.
O espírito está exaltado
Nos meus garranchos estampados
Ela chega tingindo o céu
Brota verbos.
Uma boa frase para começar a noite
‘palavras excitam a mente e exaltam o espírito. ’ Aristóteles.
LUÍS GUSTAVO DE OLIVEIRA

É A PAISAGEM DE PAPOULAS...

É a paisagem de papoulas em toda sua glória
são os favos e as flores e o brilho do subterrâneo
é a virtude desmiolada do mundo.
Minha pobre mente saqueada
quisera eu arrancar alegremente meus bolsos,
mas meu tempo é apenas a juventude
com suas fronteiras.
Ah, minha oblíqua estrada para o paraíso,
minha sombra desidratada
tamanho o peso dos ossos.
Sorver tudo por todos os poros
e num trago beber o mundo,
quisera eu também que assim fosse.

terça-feira, 1 de junho de 2010

O POETA É UMA FEIA CRIANÇA


O poeta é uma feia criança

babando em sapatos italianos

ou isso

ou a melodia constante

de seus próprios ossos.


Velhas senhoras

erguem seus vestidos

enquanto o corpo desliza

para dentro de suas pantufas


O cobrador é um robô-anão

com o maxilar quebrado

e um cifrão no fundo de sua língua,

FEIO QUE DÓI!


Minha tormenta sobe

tal qual uma enchente

pelas paredes do esôfago


e o olho de Camões

quase sempre perde-se repicando

entre a poeira do motor


Descerei do ônibus

assim que as árvores resolverem

fixar suas raízes no seio

da lataria