quinta-feira, 10 de junho de 2010

NÃO ME BASTA SER O PESCADOR

Não me basta ser o pescador
é preciso ser o barco e o mar e os colossais pulmões do mar
Não me basta ser carregado para tal lugar
onde os pássaros perambulem sobre rastros soturnos
é preciso ser o pássaro e ter asas e ser a própria revoada
Nunca ser o cavaleiro
mas sim o próprio cavalo, com cascos, crina e lombo
ser coisa qualquer
que não lembre meu volume e meu fado
Fico prostrado sobre o concreto frio
enquanto a passarada corre e o mar golpeia as rochas
e carrega caravelas e maquinarias em seu seio
E sou agora o olhar morto de pedra
ressecado pela sombra do vento.

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