sexta-feira, 30 de julho de 2010

poemas metafísicos

 Fecha os olhos e veja
Escreva em mim teu desejo mais secreto.
Um bocado de palavras para um papel angustiado
Um instante de silêncio para um coração aflito.
ONTEM À NOITE
enquanto olhava firme a penumbra do quarto
caiu-me um breve temor sobre a alma
Serei aquele que não encontra um leito onde prostrar os ossos?
O bêbado que, alucinado, adormece sobre os trilhos?
Serei o velho que cai, dorido, e não colhe suas amoras
e não desenterra suas batatas e não faz chorar as ervas do campo?
Pensei pensei e pensei!
Mas então recordei-me do rio que em nada teme desaguar no mar...
Sou nu como um lobo e tenho o conforto da Nova Visão das eras
Nada preciso do que a Mãe, no seu ventre, não possa parir!
Saberei florir como a tarde!

terça-feira, 6 de julho de 2010

EU QUE ME VEJO

Eu que me vejo
Eu que me toco
Eu, sempre eu,
mas menos eu do que os outros são os outros
Louco, no interior de uma garrafa perambulando à beira-mar
A juventude plenamente santa
A eternidade divinamente intacta
e cheia de constância
Eu, um par de décadas de vida
Lenço de suor em tempestade de areia
Uma elegia entre altares e traves
de pura e negra maquinaria
Quando tudo é como estar no universo de uma praça de pombos
é como beijar o interior de meu próprio corpo
enquanto admiro toda a nudez nos espelhos.